Para a moça ao lado
Ao lavar e pentear os cabelos, a moça os parte cuidadosamente
Mas se esquece de lavar e pentear a alma
São tantos os problemas que lhe franzem a testa
Que ela sequer fecha os olhos quando beija
Tenta enxergá-los todos mesmo quando ama
~
Quando eu era pequenino, não havia tantos problemas sabes moça?
Eu construia meus mundos e o ar, a terra, a água e o sol me faziam companhia
Havia também as formigas, que eram bem organizadas
As formigas carregavam pétalas, maiores que elas mesmas
Mas mesmo carregando com tanto esforço, nunca conseguiam passar com elas em suas portas
As pétalas eram demasiadas grandes para isto
Então chamavam seus pais formigos, que igualmente não conseguiam
E só depois, as deixavam lá a enfeitar à sua entrada
Ou a presentear suas formigas irmãs
~
O que queria lhe dizer é que não chores por dentro, moça
Há sempre alguém a lhe carregar flores à porta
Ou a brincar com os cachos da sua alma enquanto você dorme
Mesmo que seja para arrancar-lhe um sorriso dos olhos
~
Porque os olhos estes sim, não mentem a alegria
~
E você és mesmo bonita
Como as pétalas sortidas e coloridas
Que o sol ilumina e o vento sopra
Por isso não esqueças da sua alma
Pois esta sim, irradia a verdade daquele brilho que há muito se foi