Nesse instante não é bastante a minha estante
Vou encher minhas estantes de livros...
Vou ali, ler Nietzsche, e mesmo sem saber soletrar
o seu sobrenome, vomitarei na cara do “amigo”.
Vou ali, tentar apreciar os contos de Bukowski,
mas, mesmo sem saber sua nacionalidade,
regurgitarei vírgulas nos tímpanos dos colegas.
Vou ali, cumprimentar Schopenhauer,
e mesmo sem saber o motivo de suas brigas,
socarei a face não leitora do tal “amigo”.
Vou encher minhas estantes de livros...
Vou ali, ler René Descartes, e prepotente
descartarei a opinião não especulativa do “amigo”.
Vou ali, tentar apreciar as crônicas de Braga,
e mesmo sem saber a singularidade do seu prenome,
cuspirei ésses na audição dos meus colegas.
Vou ali, cumprimentar Dostoiévski,
e mesmo sem entender o idioma russo,
jogarei “privint eto” na cara do tal “amigo”.
Minhas estantes desmoronaram...