Enquadro
Vindo do norte
O cheiro de chuva quente
O sol ardente
Fecundou sementes
Boas somente
Porque hoje estou à toa
Tocando o nada
Em torno
Subornando o tempo
Em volta
Querência de viver mais.
Às vezes sonho voando
Como um anjo
Ou um dragão
Mesmo assim
Curando dôres
Silenciando o trovão
Na terra dos assassinos
Perdoados por juizes
Que deviam condená-los
Estou no céu do Japão
Antepassando passado
Colorinho o mal de olhado
Algo saiu
Do controle
Antevendo o mar revolto
O sal solto
Temperando com vozes e mantras
Areia e meias fora do sapato
Salto alto
Botas de poucos amigos
Pouco sorriso
O mal veio tambem
Queimando as fôlhas das matas
Meu estolômago esta vazio
De algo que possa
Ser bebido
Tô sonhando
Degustando sequestrado
No meio do meu resgate
Dois segundinhos a mais
Planejando
Minha fuga
Debaixo do abacateiro
Colhendo amarguras
Comigo ainda é assim
Não consigo esconder
Os teus desejos
Que fazem parte de mim
Mais do que isso
É o tamanho do peixe
Estórias de pescador
E a árvore sendo árvore
Que vira mesa e cadeira
Esperando sua ficha limpa
Estou fazendo debulha
Tendo assaduras
Nos e olheiras
Dos nos olhos do furacão
Hoje descobri
Quem sou
Isso me tranquilizou
Vamos fazer de conta
Que não existe valão
Dar as mãos
Fazer manifestacão,
Sair do sério.
Tudo é mistério
Fábula de horror
Não há pescado
abaixo de equador.
Diminuir nascimentos
Antes fiz um juramento
Pela vida
Mas o consumo aumentou
To desgarrado
A manada avançou
E atravessou o rio
Atravessou a avenida
Rindo um sorriso carente
Mas obrigado
Obrigado.