Enquadro

Vindo do norte

O cheiro de chuva quente

O sol ardente

Fecundou sementes

Boas somente

Porque hoje estou à toa

Tocando o nada

Em torno

Subornando o tempo

Em volta

Querência de viver mais.

Às vezes sonho voando

Como um anjo

Ou um dragão

Mesmo assim

Curando dôres

Silenciando o trovão

Na terra dos assassinos

Perdoados por juizes

Que deviam condená-los

Estou no céu do Japão

Antepassando passado

Colorinho o mal de olhado

Algo saiu

Do controle

Antevendo o mar revolto

O sal solto

Temperando com vozes e mantras

Areia e meias fora do sapato

Salto alto

Botas de poucos amigos

Pouco sorriso

O mal veio tambem

Queimando as fôlhas das matas

Meu estolômago esta vazio

De algo que possa

Ser bebido

Tô sonhando

Degustando sequestrado

No meio do meu resgate

Dois segundinhos a mais

Planejando

Minha fuga

Debaixo do abacateiro

Colhendo amarguras

Comigo ainda é assim

Não consigo esconder

Os teus desejos

Que fazem parte de mim

Mais do que isso

É o tamanho do peixe

Estórias de pescador

E a árvore sendo árvore

Que vira mesa e cadeira

Esperando sua ficha limpa

Estou fazendo debulha

Tendo assaduras

Nos e olheiras

Dos nos olhos do furacão

Hoje descobri

Quem sou

Isso me tranquilizou

Vamos fazer de conta

Que não existe valão

Dar as mãos

Fazer manifestacão,

Sair do sério.

Tudo é mistério

Fábula de horror

Não há pescado

abaixo de equador.

Diminuir nascimentos

Antes fiz um juramento

Pela vida

Mas o consumo aumentou

To desgarrado

A manada avançou

E atravessou o rio

Atravessou a avenida

Rindo um sorriso carente

Mas obrigado

Obrigado.

Geraldo Guedes Cardoso
Enviado por Geraldo Guedes Cardoso em 06/02/2024
Código do texto: T7993220
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