FOGUEIRA DE SONHOS
Na praça crianças brincam de correr jogando bola
enquanto o sol passeia pelos jardins e passarelas
as réstias invadem furando o teto de papelão
reluzindo nas lágrimas traçando paralelas
choradas nos olhos de nuvens carregadas
embaçados na poeira do sofrimento.
Os corpos famintos de beijos e abraços
a fartura do pão seco adormecido
acalma gritos da fome no estômago
destempero no amargo do alimento.
As mãos se tocam quando chega à noite
se cruzam e oram com rara alegria
horas que a vida sorri com esperança
esquecida na eternidade dos dias.
De repente os braços se lançam no espaço
agarrando com força nada no vento
se recolhem cobrindo os olhos sem paz
acordados e tristonhos do sonho
no instante em que a bicicleta se desfaz.