Um blues
O blues chora na guitarra,
os dias passam sem preocupação,
talvez a vida seja acordar, trabalhar e dormir,
talvez a existência não traga grandes aventuras,
só passe na lentidão de uma melodia chorosa,
daquelas que tocam a alma com ritmo e cadência,
e então olhamos para trás e contemplamos a nós,
nossa sombra balançando sobre o vento das árvores,
nossos rastros no caminho gramado do antigo parque,
não há muito o que fazer senão seguir no cotidiano,
dedilhar mais um pouco de blues como recordação,
viver o momento, apreciar as flores do canteiro,
deixar os dias fluírem como rios para o oceano,
afinal, é tudo o que está acontecendo mesmo,
a simplicidade da vida no cantar dos pássaros,
parar um pouco e olhar ao redor, para as situações,
as crianças correndo atrás da pipa ou da bola,
os adolescentes de patins ou bicicletas no asfalto,
meia hora para terminar o serviço e rumar para o bar,
tocar uma ou duas horas de blues esvaziando a mente,
receber alguns aplausos, tomar um Coca-Cola gelada,
talvez esse seja o único propósito real dessa permanência,
seguir adiante, sem alterar a rota, seguir em frente,
e se a melancolia doer no final da noite, tocar um blues...