Uma dúzia de incertezas
Nada mais longo que um novo início
Eu queria muito ser o atlas
Mas já tenho dores nas costas
Nada mais doloroso que um novo começo
O azar que sempre me faz chorar
Onde mais devo mergulhar?
Na enchente ou em outra mente rasa
O azar que sempre faz meus olhos inchar
Versos perdidos em outra branca folha
Tudo bem, já não sou o mesmo poeta
Quem sabe um dia eu aceite
Nunca fui um bom versista
O que posso dizer a todo esse vazio?
Uma outra dúzia onde a tristeza se destaca
Ah meu amado verso
Que no novo ano sejamos mais gentis com este poeta
Tanto esforço para ser algo
Tanto hiato pra focar em trabalho
Este chefe que muito mal paga salário
Ele não merece os relatórios perfeccionistas
Se me desmorono ou edifício
Junto a aquele sorridente bardo da doca
Se me desmonto e me desfaço
Sou eu, o bardo da doca ao lado
Nas ruas escuras eu me perco
Junto a cada sonho de fim
Porque, porque o das man grita tanto assim?
Pois no espelho eu sempre me desconheço
Devo ser grato a essa trilha
Tenho o dever de manter minha escrita
Pois eles devem ouvir um pouco mais
Essa dívida que tanto tenho com a escrita
Nunca pensei que seria referência
Logo no tempo que beirava decadência
Jamais julgue o ator pelo seu personagem
Eles não envelhecem com a passagem
Meus olhos cansaram das névoas
E minha pele não suporta o castigo do sol
Confesso estar perdido
Nessa tempestade não há farol
Obrigado mar pelo vasto conhecimento
Sou verdadeiramente grato ao meu caminho
Sou independente o bastante
Para passar ao lado da multidão
Na correria de mais um ano
Apesar dos apesares
Eu tive também bons momentos
Sorrindo distante dos de verdade…