LINHAS DIVERGENTES
Estava sem sentimentos suficientes
Que pudessem abrir minha voz poética
E desenhasse em letras o que sentia
E por alguns segundos ouvia
A vontade indissociável da fonética
Cabida alegoricamente em minha mente.
Sentia-me lânguido, opaco e indiferente
Livre de tudo e de todos os seres vivos
Feito fumaça indesejada pelos vãos
De alguma porta principal de algum abrigo
Onde se deixa os corpos da natureza no chão
Sem aparência de pulsão tremeluzente
O que era, por ventura, sentir a plenitude?
Desejava responder perguntas que me partiam
Feriam-me só pelo erro de existirem pairadas
Presentes em algum mundo de finitude
Ínfimo, onde em minha consciência não cabia
E se revelava antro à priori de coisas usadas.
Permaneci absorto dos desânimos recorrentes
Sem nenhuma intensa objeção interiorizada
Fruto pecaminoso de alguma indiscreta sintonia
Fora do percurso palpável, de minhas indiferentes
Consagrações intrépidas das constantes cacofonias
Tensionadas pela vontade ainda não demarcada.