A FO#M#E!!!
“A fome é triste.”
Dizia meu pai.
Grande filósofo,
De bares e bordéis,
Do Rio de Janeiro.
Como uma criança,
De barriga cheia,
Vai entender?
Uma coisa tão feia.
A mãe sempre, a nos alimentar.
Ela não aguentava desaforo.
Se fizesse pirraça.
Por causa de comida
Deixava eu com fome.
A tarde toda.
Esse sofrimento.
Era um treinamento.
Para a vida futura.
E assim aprender.
Que é assim,
Que se faz um homem.
O dia de conhecer
A fome chegou.
E não foi bonito.
Depois de três dias.
Sem dinheiro,
Para comprar um pão.
Um filho de Deus.
Me pagou uma refeição.
A fome não é engraçada.
Como no desenho do Pica-pau.
Aonde ela dá gargalhadas.
A fraqueza era tanta,
Que nem comi tudo.
O pior veio depois.
Febre e cama!
Por, não sei, quantos dias
Não lembro se delirei.
A morte,
Prima irmã da fome.
Sussurrou no meu ouvido:
“Você quer morrer.”
Não lembro minha resposta.
Depois daquele dia,
Nunca mais passei fome.
Vivo de barriga cheia.
Disseram ontem,
Que estou até gordo.
Não posso esquecer da prudência.
Ter cuidado com a estupidez.
Cada escolha têm consequência.
E isso pode acontecer outra vez.