DEUS MARINHEIRO - Luiz Gilberto de Barros

DEUS MARINHEIRO - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros.

Abre as velas, jangadeiro,

aproveita o céu azul,

quem te carregar primeiro,

sempre escolhe o norte ou sul.

Saiu cedinho,

deu um beijo na mulher,

beijou os filhos

e fez o sinal da cruz

porque sabia

que Deus dá o que quiser,

e tudo que Deus mais quer

é iluminar quem não tem luz.

Vento macio,

onda doce, delicada,

a enseada

se tornando mais distante,

jangada leve

deslizando emplumada

Por essa estrada

azulada e verdejante.

Oxe, menino,

olha só esse cardume!

parece um lume

prateando a água do mar,

a nossa vida

abençoada se resume

no alimento

que se consegue pescar.

Joga a rede, jangadeiro,

tira teu fruto do mar,

Deus te deu esse veleiro,

deixa o vento te levar.

Se não há peixe,

não se avexe, navegante,

pois cada instante

é sempre feito de esperança.

celebra a vida, tua fé é abundante

e verdejante como um sonho de criança.

Quanto peixe, marinheiro !

Deus do céu, quanta emoção,

quando Deus chega primeiro,

traz bem muito mais que o próprio pão.

Brisa na vela,

sopro de Iemanjá,

nessa aquarela,

o teu barco desenhando

uma alegria,

dizendo que vem de lá,

onde o vento beija o mar,

o amor que Deus vai dando.

Olha só, sinhá Maria,

o que temos pra jantar !

Amor vive de poesia,

marujo vive do mar .

...

Às 12h e 17min do dia 27 de fevereiro de 2022 do Rio de Janeiro. Direitos Reservados ao Autor.