A rotina do desamparado
Estou nas margens da cidade
Perdi minha casa e a dignidade
Sou apenas um número para sociedade
De alguém que não tem importância e relevância
Seja adulto ou criança
A vida nas ruas nos impõe a irrelevância
O desprezo alheio corrói a esperança
Vidros fechados e olhos virados
É o comportamento de quem está dentro do carro
Sem deixar ao menos um trocado
Segue na avenida ignorando o meu estado
Expondo para mim toda minha invisibilidade
O Poder Pública se exime de suas políticas públicas
Pois esse público não dá retorno às suas candidaturas
Nos resta apenas contar com a generosidade
De quem tem no coração a caridade
Que consegue nos enxergar de verdade
Oferecendo atenção, e até um momento de irmandade
No entanto a rotina é dura e insegura
Sem um teto ou alguma estrutura
As calçadas são camas duras
Sem destino e perspectivas de melhora
Um andarilho vagando mundo a fora
A vida prossegue em escrever a minha história
Até que um dia há de chegar a minha hora
E finalizar de vez os sofrimentos vividos até agora
Por: Saulo Rodrigues