Cinderela às Avessas

Aterrorizava-se toda região

Aos crimes de um assassino serial

Procurava-se sem solução

Nomear o autor de tanto mal.

 

Já era ano e esse ano há meses eram

Em que a angústia havia crescido

Mas quando só semanas tiveram

Muito mais ânimo haviam tido.

 

Hoje o horror, cansaço e impotência

Mostravam-se em suas faces

Até que uma nova evidência

Faria que o jogo virasse.

 

De câmera, imagem boa

Mais péssima era, afinal

Talvez a felicidade a toa

Via-se um pé e ponto final.

 

Mas se um delegado

De anos policial

Ao honrar o seu legado

Decide triunfal...

 

"Qualquer pista é pista

Vamos, reconheça,

Se só um pé há em vista

Faremos "Cinderela" às avessas"

 

E saíram pela cidade

E pelas cidades da região

Procurando a paridade

Da evidência que tinham na mão.

 

E dentre uma e outra negativa

O sentimento era misto

Oravam a Deus em rogativa

Pensavam rir o próprio Cristo.

 

Mas então como resposta

As suas próprias preces

Eis que coisa mais oposta

Ao que já criam acontece.

 

Eis que uma moça

Olhou aquela imagem

E disse ter a lembrança

Daquele pé em sua bagagem.

 

Em suas andanças

Pela cidade e região

Em todas as vizinhanças

Fazendo pé e mão...

 

Ela sabia com clareza

De quem era aquele pé

E perguntaram " tem certeza?"

E ela disse "Boto fé!"

 

Causa provável

Mandado e prisão

Exame palpável

De DNA na mão.

 

O papel corroborou

O que aquele olho viu

Aquele homem, identificou

A manicure da casa cinco mil.

Docke Lima
Enviado por Docke Lima em 03/11/2023
Código do texto: T7923572
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