Agudo
Aquele apito agudo
Em meio ao som da noite mudo
Subiu-lhe os nervos em irritação
E decidiu tomar ação.
Já era madrugada
E o som em meio a nada
Já começara cedo, no dia
E inda hora alta persistia.
Fechou atrás de si sem paciência
A própria porta de sua residência
Andou pela rua à luz da lua
Iniciando sua breve procura.
Sabia não poder estar distante
O barulho em seu ouvido, constante
E descobriu breve estar certo
Identificou-o de uma casa, perto.
A frente irritado, chamou
E ninguém reação esboçou
Dirigiu-se à porta dos fundos
Pra entrar naquele outro mundo.
Sua mão na maçaneta a abriu
"Destrancada", foi o que concluiu,
Mas o breu que lá dentro encontrou
Nada mais à sua mente informou.
Sua voz chamou em vezes três
Alguém que respondeu nenhuma vez
Apenas o som agudo insistente
Em compasso e pausa presente.
Tateou à procura de iluminar
E um botão fez a noite brilhar
E o brilho roubou dele o brilho
Viu morta a senhora Castilho.
Levantou olhos observando
A bagunça do lugar, encarnando-o
E o agudo som persistente
No micro-ondas, a caneca presente.