Agudo

Aquele apito agudo

Em meio ao som da noite mudo

Subiu-lhe os nervos em irritação

E decidiu tomar ação.

Já era madrugada

E o som em meio a nada

Já começara cedo, no dia

E inda hora alta persistia.

Fechou atrás de si sem paciência

A própria porta de sua residência

Andou pela rua à luz da lua

Iniciando sua breve procura.

Sabia não poder estar distante

O barulho em seu ouvido, constante

E descobriu breve estar certo

Identificou-o de uma casa, perto.

A frente irritado, chamou

E ninguém reação esboçou

Dirigiu-se à porta dos fundos

Pra entrar naquele outro mundo.

Sua mão na maçaneta a abriu

"Destrancada", foi o que concluiu,

Mas o breu que lá dentro encontrou

Nada mais à sua mente informou.

Sua voz chamou em vezes três

Alguém que respondeu nenhuma vez

Apenas o som agudo insistente

Em compasso e pausa presente.

Tateou à procura de iluminar

E um botão fez a noite brilhar

E o brilho roubou dele o brilho

Viu morta a senhora Castilho.

Levantou olhos observando

A bagunça do lugar, encarnando-o

E o agudo som persistente

No micro-ondas, a caneca presente.

Docke Lima
Enviado por Docke Lima em 01/11/2023
Reeditado em 01/11/2023
Código do texto: T7921873
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