Anzol
Lembranças na garganta
No silêncio
De uma dor contida
Rejeição
Traumas do desalento
Da falta de acalento
Abandono
Solidão
Sangrias em propulsão
No útero e ventre
Na alma
E na regulação
Feridas impostas
Resposta das e reeditada
Em fileiras de indignação
Cicatrizes expostas
Ou maqueadas
De esconder o absurdo
De tanta imperfeição
Fuga e desalinho
Trilhos soltos
Imersos no vazio
Das interrogações
Vorazes
Que qual anzol nos captura
Nos detém
Estamos parados
Feito peixes de olhos arregalados
Entre o viver e morrer
O libertar ou se prender
E precisamos nos soltar
Mas como...
Ana Lu Portes, 30 de outubro, 2023