Vazio
O vazio
Que o vazio trás
Que me trasporta
Para o tempo fugaz
Da Impermanencia do ser
O vazio
Dos rótulos
Das estampas prontas
Das avaliações deterministas
Da incompreensão no viver
O vazio
Do fundo do copo
De água, do álcool ou do café
Do néctar que energiza a vida
E irriga as veias
O vazio
Das emoções emboladas
Dos nós apertados
Que apertam o peito
E não o cardaco
O vazio
Das mãos suadas
E do olhar úmido
Da ansiedade e intensidade
De viver em constante
Sobe e desce de montanha russa
O vazio
Da dependência
Física, emocional
Uni ou bilateral
O vazio
Do soco no estômago
Do. Frio e calafrio
Do calor e do temor
Das palavras fugidias
O vazio
Da carência
Da dependência
Ou da demência
Na dificuldade de se encontrar
O vazio
Que busca abrigo
E monta arsenal de briga
Usa lupas e lentes de aumento
Num eterno tormento
De sentir demasiado
O vazio
Dos excessos
De buscas e fugas
De grandes desencontros
Do outro e de si mesmo
O vazio
Na descida ou na subida
Dos degraus em labirintos
Que causam labirintite
E fazem tudo rodar
O vazio
E suas nuances
Borradas em tantas cores
Difusas e disformes
Que e preciso canalizar
O vazio
E seus corredores
Manilhas
Ductos
E extensores
De vazões a divagar
O vazio
E seu transbordamento
Tão ambíguo
E necessário
É preciso esvaziar
Para sentido
E fluidez
A vida dar.
Ana Lu Portes, 23 de outubro, 2023