Bagagens
O que deixo
O que levo
Na mala
Do que fui
Do que sou
Ou do que virei a ser num porvir
Não sei bem o que será
Levo minha sombra
Que não mais reflitira no sol da vida
Levo as noites mal dormidas
O grito contido
O suspiro não dado
Levo as fadigas
Incertezas
Canções não cantadas
Preocupações descabidas
Levo também as gargalhadas
Que dei
E motivei darem
O canto desafinado
A poesia livre e matreira
O cafuné
E afago
O abraço apertado
O beijo roubado
Mas levo como lembrança
Pois quero que vivam como eterna criança
Fazendo serelepices
No coração de quem amei
E de alguma forma toquei
Com um olhar
Ou silêncio
Ana Lu Portes, 27 de outubro 2023