Gildásio de Almeida Souza

 

 

 

[evangelhista da silva]

 

 

 

Era meu primo, Dazinho, o extremo do racional

Uma Comédia Divina, não fosse trágico o seu fim

Lá nas bandas do Sul da Bahia, às margens do Rio Almada.

 

 

O cenário fora Coaraci, - um lugarejo acanhado e frio

Entretanto, um tanto quente para se matar gente

Gente estirada nas ruas às madrugadas e vista ao amanhecer.

 

 

Deixara Santo Antônio de Jesus, - a terra mãe estuprada

Para trabalhar naquelas plagas cinzentas e montanhosas

Em lá chegando casado, descasara - o tempo é o senhor.

 

 

Nasce a criança de quem sou padrinho, - o fruto de uma dúvida

E brutal incerteza de sê-lo pai. Um inferno abala a sua vida

Lembro-me de um dia tê-lo dito que a vida é uma cachaça.

 

 

Cônscio, embora constantemente encachaçado, negara-me

A infeliz filosófica em mal traduzir o existir de infinda mágoa

Em meio a um silêncio ensurdecedor que destruía su'alma.

 

 

Assim, como uma criança espancada sob a maldição do coturno

Partira o meu amado primo para o desconhecido mundo

Deixando para mim ao certo, a incerteza da verdade.

 

 

Bahia, 28/12/2014, aos 11 min, - domingo.

Raymundo Evangelhista
Enviado por Raymundo Evangelhista em 03/10/2023
Reeditado em 13/01/2024
Código do texto: T7900054
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