Excremento
Esgoto
Desgosto
Esgotar
Gostar
Gosto dar
Agosto
Ao gosto
De se gozar
A vida
Do vivente
Vidente
Que vê a gente
Enveredar
Nas vielas
Viveiros
Vinhedos
De vidas
Embriagadas
De vazio
Vagueiam
Vadios
a vagabundear
Nas sarjetas
Rejeitado
Dejetos
A poluir o ar
Excrementos
Estercos
Que de vida exaurida
Se põe a vagar
Corpos sem alma
Sem alegria que acalme
O coração corroído
De frio e fome
Gravetos no chão
De ossos
E costelas
Sem sustentação
Folhas ao vento
Que o vento
Não leva
Nem a mágoa
Ou desilusao
Humano já foi
Hoje não mais
Virou aberração
Lixo descartável
Num mundo alienavel
Que não acolhe e nem sente
A extinta compaixão.
Ana Lu Portes, 28 de setembro 2023