Epiderme

Memórias gustativas

Que nos recordam momentos que nos afagam

Desde o gosto da broa quentinha com erva doce

Ao amargo de repulsa da losma em chá curativo

Carimbados em nossas papilas

Sentimentos de dor e sofrimento

Revividos em fragmentos

Desenhados em objetos

Em sons e gestos

De engasgo e tormento

De afetos e cuidados

Impressos em nosso ser

Sentidos e sensações que ticam a pele

E inebriam em cheiros

Dos perfumes

Das cores

Dos odores

Tal como a chuva molhando a terra

As músicas e sinfonias

Do trem, dos sabias

Das gargalhadas

E causos contados madrugadas afora

Páginas datilografadas em nossas vidas

Nuvens que se penduram nos sonhos de um porvir

Toque suave de um último abraço de aconchegou

De alguém que partiu

E não se despediu

Lábios que se tocaram em cumplicidade

Deleite em um filme, um objeto, um soneto

Uma poesia e melodia

Arte do sentir que aquece e dedilha

No vibrato do nosso coração

E nossos sentidos, envoltos pela cintura

Bailam no salão da vida

Na epiderme de nossas emoções.

Ana Lu Portes, 21 de setembro 2023

Ana Lú Portes
Enviado por Ana Lú Portes em 21/09/2023
Reeditado em 12/06/2024
Código do texto: T7890710
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