insônia

o gosto do vinho

tateando a garganta

arranha tanino

nas paredes do corpo

a língua agita palavras

o silêncio as reprime

a meia-noite anuncia outro dia

a esperança do encontro

a promessa do amor

da janela da alma enquadro a lua

sua indolência

desafia a pressa

o tempo não cede

de amanhecer

desfaz-se o sonho

e ainda que eu cerre os olhos

a luz muda de cor

e muda o vinho,

a palavra, a lua

a meia-noite

o outro dia

a esperança

o encontro

a promessa...

sob a nova hora

tudo muda

tudo corre

até que tudo

se esconda

num leniente

por de sol