A leveza de poder ser nada

Há dias em que eu consigo, sabe?

Carregar o peso do mundo nos ombros,

A coluna envergando quase partindo ao meio

Passo a passo eu subo a montanha dos desejos incautos

Vez ou outra aceno pra Sísifo

Sem entender muito sobre a pedra

Dele, de Drummond e seu caminho

Que é também um pouco meu.

Contrária aos apelos maternos

De que talvez seja hora de despedir-me do que me aprisiona:

“Leveza”, ela suplica.

Eu voo raso

Talvez por isso prefira as pernas que me aguentam

Porque o peso do mundo nem me pertence

Eu que tanto quero ser forte,

Tanto quero ser grande, esqueço

Que a dor do mundo não é minha

Nem o fardo árduo que orgulhosa, sustento sobre as costas

Tampouco a angústia dissidente

Enfadonha e tão fora de moda,

(como blusa role e sapato plataforma).

Tem dias que eu não preciso provar nada

Carregar nada

Ser nada

E como Pessoa ter em mim

Só os sonhos do Mundo.