A Barbie da Vila Sapo

Lá no barraco da vila perereca,

Com meus cabelos em fiapos,

Também sonhei com a boneca,

Mas, só ganhei uma de trapos.

Eu coloquei nela um avental,

Mas disseram que era errado.

Que era o machismo cultural,

Que ali já tinha se infiltrado.

A minha boneca virou Ken,

E eu calcei-lhe um sapatão.

Os seus cabelos eu pintei,

Com a borralha do carvão.

O meu priminho, que é gay,

Batizou minha boneca de Isis,

Coloriu ela com a tinta spray,

Nas lindas cores do arco-íris.

Minha Barbie na vila sapo,

Não é assim tão esnobe,

Dorme em caixa de sapato

E com pano de chão se cobre.

Durante o dia ela fica jogada,

Pois, eu vou vender baseado,

Sou uma criança explorada,

Pelo tal de crime organizado.

Mas, a mulher está empoderada

E eu posso ser o que eu quiser!

Só não posso ser dona de casa,

Porque não é papel de mulher.

Sei que a Barbie venceu na vida,

E sei que eu vou vencer também!

Vamos todos brilhar lá na vila,

Eu e você, a Barbie e o... Ken!

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 29/07/2023
Reeditado em 01/08/2023
Código do texto: T7848736
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