A Barbie da Vila Sapo
Lá no barraco da vila perereca,
Com meus cabelos em fiapos,
Também sonhei com a boneca,
Mas, só ganhei uma de trapos.
Eu coloquei nela um avental,
Mas disseram que era errado.
Que era o machismo cultural,
Que ali já tinha se infiltrado.
A minha boneca virou Ken,
E eu calcei-lhe um sapatão.
Os seus cabelos eu pintei,
Com a borralha do carvão.
O meu priminho, que é gay,
Batizou minha boneca de Isis,
Coloriu ela com a tinta spray,
Nas lindas cores do arco-íris.
Minha Barbie na vila sapo,
Não é assim tão esnobe,
Dorme em caixa de sapato
E com pano de chão se cobre.
Durante o dia ela fica jogada,
Pois, eu vou vender baseado,
Sou uma criança explorada,
Pelo tal de crime organizado.
Mas, a mulher está empoderada
E eu posso ser o que eu quiser!
Só não posso ser dona de casa,
Porque não é papel de mulher.
Sei que a Barbie venceu na vida,
E sei que eu vou vencer também!
Vamos todos brilhar lá na vila,
Eu e você, a Barbie e o... Ken!