Entrementes
Entrementes
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Metade do ano se foi
Problemas outrora extintos com nova roupagem parecem voltar
Os passageiros da locomotiva sem freios na ferrovia que leva ao fim, vociferam
"Agora, novo tempo, do inferno iremos ressuscitar"
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E assim o comboio navega
Poucos são os que compreendem a gravidade implícita no fim desta viagem
Muitos veem nessa desabalada corrida o sentido de liberdade
Incrível, mas o nescio crê que sua morte será o início de nova paragens
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O sistema é bruto – nada os detém
Divulgam a ilusão de que tudo grátis um dia irá acontecer
Ensinam as pessoas fazer a sopa, mas não oferecem a tampa da panela e...
Quando tudo desabar a culpa será do outro menos sua forma de viver
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Certos segredos são revelados a noite
Quando a alma se despe de si, no infinito passa navegar
Assim como o reboco antigo de uma parede fofa volta a ser areia
Com pessoas, basta triturar, dar uma peneirada e feito o oleiro, vida lhes dar
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Não se preocupe, pois não há nada a ser feito numa sociedade vazia
Viva sua história, faça suas tarefas com afinco e gentileza
Não discuta com quem muda a aparência sem alterar o conteúdo
Natureza não é uma condição e sim uma certeza
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Manoel Claudio Vieira – 29/07/23 – 02:34h