Túmulos

Cuidar do túmulo

De quem amamos e partiu

É resgatar a memória

Relembrar a história

De quem pra nós importante foi

Túmulos desertos de atenção

Frios tal qual os corpos que ali jazem

Decompostos ou em decomposição

Túmulos são reflexos

De nossa condição

Mortal, vil e superficial

Cemitérios como espelhos

De nossa efemeridade

E de anseio de perenidade

Onde constatamos a realidade

De quão passageiros somos

Nesta jornada da vida

Passeando entre os túmulos

Que seguiram a egide da modernidade

Catacumbas em formato de prédios

Onde o defunto e a família perdeu

A individualidade

Tudo junto e misturado

Farinhas em vários sacos

Pô de ossos

Triturados pelo tempo

E pela finitude

Penso eu em devaneios

que melhor seria

e até gistaria

de ser pó em algum jardim

depois que daqui partir

A servir de sustento como adubo

Em árvores frutíferas

Ou belas roseiras

A embelezar os olhos

Exalando perfume e sabor

Para além das memórias em lápides

Abandonadas e empoeiradas

Ana Lu Portes, 19 de Julho, 2023

Ana Lú Portes
Enviado por Ana Lú Portes em 20/07/2023
Reeditado em 20/07/2023
Código do texto: T7841381
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