VAGALUMES
Era bonito, como fogos de artifícios, brilhando, tingindo a noite.
Vagalumes tão altos, perdidos,
Procurando, no frio, o calor.
Cruzam o céu e me trazem a lembrança de que um dia eu quis voar.
Voar tão alto quanto eles; tão livres.
Mas me deram ferro e pólvora
Para imitar um sonho - reproduzir a luz...
A realidade é implacável!
Minhas asas estão carregadas,
Pesadas demais para alçar vôo.
Nunca estive tão preso ao chão.
E a memória, à mendigar saudade,
Engana o meu coração:
Jamais serei como eles.
Sou pesado demais pra tentar alcança-los; Pesado demais para ser livre.
Continuarei imitando-os, até que um dia
Os encontre de verdade.
Então, quem sabe, o céu será só nosso...
M.N.C - SOLDADO / INFANTARIA
LENINGRADO, 1942-3
(Heterônimo)
O poema faz parte de uma Coleção de Poesia, Crônicas e Relatos sobre a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em Leningrado, palco da batalha mais sangrenta de toda a guerra.
Escrito pelo M.N.C. ( Heterônimo) Soldado de Infantaria.
VAGALUMES é um poema sobre o peso da realidade sobre o sonho. Os vagalumes simbolizam os projéteis disparados à noite, vagando no céu a procura de calor (corpos). Inundando a mente do Eu lírico de nostalgia, frustração e realidade.