Ausência x Presença
Sua ausência
Foi tomando potência
Quando sua presença
Em distância eu vi transformar
A distância que trazia saudades
E muitas lembranças
Pela metade
De encontros esporádicos
Cada vez mais escassos
Foi virando rotina
E os vãos de necessidades
Não sanadas
Foi deixando as recordações apagadas
E as memórias canceladas
E a máxima de que quem não é visto
não é lembrado
E que pra que algo viva precisa de cuidado
Foi se tornando real
A inanição de sentimento não alimentado
De decepção em acumulado
De desconfiança e insegurança exaltado
Foi tirando o brilho
De um sentimento deserdado
A energia não foi mantida
Foi perdendo o ânimo
Que lhe dava vigor
Apagou se a esperança
E quando não mais se espera
Se deixa também o querer
E o se importar
E foi assim
Que a ausência permanente
Transformou o desejo de presença
Em cinzas, de um fogo em brasa
Que em definitivo se apagou
E por mais trágico que pudesse parecer este fim
Não foi algo ruim
Foi na verdade libertador
Ana Lu Portes, Juiz de Fora, 14 de julho, 2023