CURTA - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros
CURTA - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros.
O pobre é preso injustamente, não importa
o que ele porta um alicate... ele é suspeito,
e se não tem, a lei lhe põe algum defeito
e esconde a chave que lhe abra alguma porta.
Pobre do pobre...quando a algema é retirada
da dor dos pulsos maltratados, finalmente
já nem sorri. pois quando a selfie é registrada
o seu olhar só vê um rosto ...indigente.
Doce ignaro com miopia, ele crê
no que não vê...a mentira é convincente,
e basta apenas um discurso atraente
e charlatão, que ele assina o que nem lê.
O pobre ama ser feliz, vendo TV...
sentindo o drama e sendo a trama da novela
...e se transforma em personagem... sofre e crê
no conteúdo que se instala dentro dela.
Cada episódio que interpreta a vida alheia,
criando heróis que sirvam de protagonistas
da vida triste e cruel para quem leia
ou veja as cenas das ficções... reescritas,
não só retrata o que a mente traduziu,
preocupando- se com a própria ideologia,
que grassa livre, vendo o que ele nunca viu,
A que se propaga em insensata rebeldia.
Quem já sofreu, na epiderme, a chicotada
da vida, sabe de onde vêm as cicatrizes:
se a arte imita a miséria retratada,
quem lhe dá vida são atores e atrizes.
Protagonista do que nunca é ficção,
ele é atração do imitador que o publica,
e filosofa sobre fome e inanição,
sem nunca ter sentido a dor... que o... santifica.
O roteirista promovendo e "novelando"
o que imagina sem ter visto ou nem sentido,
com esperteza, digitando e publicando
a dor pungente do pobre desassistido,
dá entrevistas midiáticas, promove
a própria obra, marcada por sofrimentos
que nunca teve... mas seu texto até comove
quem passa a ter seus verdadeiros sofrimentos.
E se há quem curta a dor alheia com ironia,
quem faça dela, a piada mais sem graça,
há até quem ache como é linda a hipocrisia
do des-humor que ri da cara da desgraça.
Nos intervalos, a TV vende os produtos,
depois retoma a reportagem da desgraça,
organizando os artifícios mais astutos,
que hipnotizem o olhar da pobre massa,
aponta a morte, banaliza a miséria,
que fotografa, qual se fosse uma paisagem,
repete a cena, culpa o povo, faz
pilhéria,
da dor mais séria, sem nenhuma
maquiagem.
E esse "ator", que tematiza, esfomeado,
e que sequer sente na pele, que é o tema,
daquela trama fictícia em que o coitado
nem é lembrado na novela... ou no cinema.
Enquanto isso, o famosíssimo
abastado
com o vasto lucro das "estórias" que ele furta,
vai recontando o provimento arrecadado
desses coitados, reinventando mais um..."curta".
Às 22h e 28min do dia 23 de outubro de 2019 do Rio de Janeiro - Registrado e Publicado no Recanto das Letras.
Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros - Facebook, Google, YouTube
Luiz Poeta 3 Instagram
Luiz Poeta Oficial YouTube