FILÉ DE CADA DIA - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros

FILÉ DE CADA DIA - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros.

Na nossa terra, onde o pobre imita o rico

...no que ele tem de mais safado e leviano...

onde a miséria se mistura ao desengano,

onde o bidê faz uma selfie... com o penico...

Onde uns poetas pagam aulas de poesia

e, sem diploma, já se julgam os melhores,

parafraseiam, plagiam... sendo piores,

que sua efêmera é vã... filosofia.

Nesse país, onde se arrota caviar,

mas, no jantar, se come alface com sardinha,

e se repete algum ditado popular,

como um peão sonhando em comer a rainha,

nessa metáfora, o xadrez é um pretexto,

- cuja jogada previsível já se basta -

é o rei que janta o peão, porque essa casta

falsa e nefasta prefacia o próprio texto.

Nesse país, onde se compram várias teses

por preços módicos, sem mínimo valor,

sob os olhares de algum trôpego doutor,

que, em vão, repete e discute... "A cor das... fezes"...

São assassinos que, inescrupulosamente,

por egoísmo, idiotice e

arrogância,

contemporâneos dos que têm as mesmas ânsias,

acham que que tudo que existiu nunca é presente.

Ignorantes implacáveis dos notáveis

que nos deixaram e que, sequer, são celebrados;

esses bossais vorazes, auto- endeusados,

são narcisistas, ditadores...

camicazes.

Os geniais mais imortais e... invisíveis,

não pagam claques, nem diplomas ou fardões,

mas suas artes tão brilhantes e incríveis,

hão de tornar-se recicláveis... em... lixões.

Neste país, onde os honestos são vilões

e os ladrões são os heróis mais fascinantes,

o show de graça dos que ganham seus milhões,

vêm dos impostos mais cruéis e aviltantes.

Nesta terrinha, onde manjados jornalistas,

fazem a lista de quem devem massacrar,

pobres daqueles que não são oportunistas,

nem alarmistas na arte de prejulgar.

Democracia ? Que democracia é essa ?

...mais ditadora que a.mais reles ditadura !

...que não permite que ninguém mais a impeça,

sempre às avessas do que sonha a criatura ?

Pior que a arma ou que a tal bala perdida

que ceifa vidas, com certeira direção,

é a caneta hipócrita e atrevida,

quando revida a algum pedido de perdão.

E as posturas de um pseudodidatismo,

que muda o texto, preparando os estudantes,

ao subemprego, ao bel prazer do idealismo

fisiológico... formando... ignorantes.

Pobres neófitos: ao tornarem-se adultos,

perceberão, tardiamente, que os cursinhos

que pagarão, embora julguem- se tão cultos,

serão bem mais que os prometidos... niqueizinhos.

Os abastados, sob a orientação,

de algum vilão que se engordura, a cada dia,

da hipocrisia que faz da repetição

chinfrim e tosca, o seu filé de cada dia,

hão pagar estúdios caros, verberando,

trôpegos tons... desafinados... semitons

reajustados pela mágica dos sons,

julgando arte o que eles vão... remixando.

Neste país tão tropical, onde a palavra

torna-se escrava da retórica chinfrim,

repetitiva, que é cascalho dessa lavra

verbal que trava os decorebas mais sem fim...

...e a palavra aprisionada, quando dita,

que nem reflita má intenção ou

preconceito,

é interpretada ao bel prazer de cada jeito

de analisar levianamente, o que a dor grita.

A ter que ler ou ver nas telas da TV,

tanta besteira ditada por prepotentes,

que não corrigem erros crassos, renitentes,

juro, prefiro ouvir piadas... inocentes.

Nesta país de hábitos carnavalescos,

nas atitudes tão pseudoliberais,

onde o contexto latino dos editais,

são hieróglifos de códigos dantescos...

essas ações, a cada vez mais

contumazes

e tão vorazes como grossa artilharia,

de guerrilheiros insensatos e tenazes,

vão pouco a pouco, destruindo a fantasia

que o puro amor, ingenuamente,

vê, na saga,

fantasiosa que um vago sonhar projeta,

porque quem ama de verdade, ante a adaga

de Intolerância, ainda tenta... ser poeta.

Amo essa pátria e minha gente original,

que mesmo vendo tanta torpe falcatrua,

ainda prefere, ao blacktie, tornar-se nua

e desfilar, criando o próprio Carnaval.

Às 12h e 10min do dia 6 de julho de 2023 do Rio de Janeiro Brasil.