DE COMO SE FOSSE POETA

Como se fosse poeta, enquanto esfriava o café, escreveu parado em pé

um poema para além das brancas nuvens.

Mas ultimamente não tem feito poemas assim.

Na areia da praia e nas cinzas de capim, tem rabiscado. Ainda assim.

Outro dia a poesia lhe tinha transpassado despretendida,

precedida de um cheiro de mar. E ali guardou outro poema.

Estes poemas agora se fazem quase sozinhos e somente raramente se derramam por ele,

em registros transcritos.

Como se fosse um poeta ainda dizem ouvir dele, poemas.

Mas tudo o que confessa, é que apenas viveu.