Desesperancar
Quando se perde a expectativa
Quando não mais se espera
O que é ou o que virá
Vai se arrancando as raízes
Da esperança que um dia se viu brotar
Que foi necrosando aos poucos
Por descuido ou abandono
De quem a ela precisava cultivar
Deseperanca na vida
Nos projetos
Nos sonhos e frutos
Que dali pudesse colher
Quando cessa todo o encanto
E já não há mais pranto pra chorar
Nem lamento a se clamar
É porque a desesperanca
Fez ali morada
E estabeleceu um lugar.
Eliminou o ilusório
E em chão árido e insalubre
Desistiu de semear.
Ana Lu Portes, Juiz de Fora, 18 de junho 2023