Fome Matinal

Todas as manhãs

A ira desperta em mim

O acordar é ruim

Parece o começo do fim

Choramos ao nascer

Deve ser porque temos trabalho a fazer

Talvez

Seja apenas o medo de crescer

Em que mundo vivemos antes de nascer?

Em que mundo estamos durante o sono?

Em algum lugar que é sempre inverno?

Em um sonho no alto de um trono?

Ou cegos nas cinzas do inferno?

Não importa

Os olhos se abrem

E deste mundo se fecha a porta

A percepção da realidade retorna

A lua foi embora

O sol queima la fora

E frio sinto aqui dentro

É apenas um estranho momento

De tormentos e lamentos

Paredes quentes, cama cálida

O frio parece emanar do meu eu

Uma sensação válida?

Ou apenas devaneio meu?

A fome matinal

Me faz lembrar que sou mortal

Melhor

Me lembra que sou um animal

O desejo pela violência desperta

Quero dormir

Mas a fome aperta

Mesmo com inúmeros pensamentos

Sabemos que são banais

Inúteis são esses momentos

Importando apenas

Desejos carnais

A fome

A dor

São o conjunto propulsor

Que te expulsa do mundo racional

E te leva ao mundo animal

No qual só interessa o individual

Que levam seres humanos

Cruzar terras e oceanos

Sendo o mais bruto selvagem

Empunhando armas com coragem

Causar dor para não senti-la

Buscar a caça

Que no campo rutila

Sangrar a vida que será alimento

Lutar para conseguir

Sem dor

Sem sentimento

Até ferir

Se preciso for

Matar

Roubar

Conquistar

Difícil controlar

Tais desejos impulsivos

Até quando se pode

Pedir comida

Por aplicativos.

Dr Brown
Enviado por Dr Brown em 22/05/2023
Código do texto: T7794812
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