NA VENDA DO SEU EDGAR

Logo ali! Perto da ponte

Na venda do Seu Edgar

Além de um bom trago, tinha

De tudo pra se comprar.

A venda era bem sortida

Tinha secos e molhados

Também tinha algum remédio

Pra atender aos achacados.

Arroz, feijão, querosene

Rapadura e sonrisal

Piraji para formigas

Miudezas em geral!

Tinha todos os precisos

Até pra capinadeira

Atendia o agricultor

O estudante e a costureira.

A freguesia era grande

E gostava de prosear

A cada dia traziam

Muitos "causos" pra contar.

Iam chegando bem cedo

Antes do entardecer

Alguns pra fazer as compras

Outros pra nada fazer.

Seu Libório, devagar

Chegava bem de mansinho

E logo ia dizendo:

Vim buscar uns "bogojinho"!

Depois de tomar uns tragos

"Pra mode" a gripe espantar!

Seu Nenê, que a pé andava

Anunciava: vou "desandar"!

Seu Demêncio ali sentado

Fumando seu cigarrinho

Pedia: Seu "Idegar"!

Me bota mais um traguinho!?

O Olinto era destaque

Gostava de dar risada

Pra cada "causo" contado

Soltava uma gargalhada.

Pitando o seu palheiro

De fumo em rama picado

O castelhano Francisco

Cuspia pra todo lado.

Dom Floriano, índio "taco"

Na doma não tinha igual

Gostava de um trago de canha

Mas nunca caiu de bagual.

E quem apreciava um bom jogo

"Ás brincas", pra se entreter

Ficava atirando o "techo"

Da tarde ao anoitecer

E a balança não parava

Quase tudo era a granel

O caixeiro ia pesando

E embrulhado em papel.

A cachaça era da "buena"

Era daquela de barril

Quem quisesse pra levar

Trazia garrafa ou cantil.

Assim ficou na história

E quem viu há de contar

Que logo alí! Perto da ponte

Era a venda do Seu Edgar.

Cláudio Meireles Gonçalves
Enviado por Cláudio Meireles Gonçalves em 11/05/2023
Código do texto: T7785305
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