VEJA BEM!

Aqui estou, desejando ouvir e sentir

O que se rebela e se revela em mim.

Busco alegrias mas estas sombras

Tentam enganar-me com seus risos tolos.

 

Faço cara de tola também

Olho com desdém

Num relance vejo

A face da sombra, enganadora.

 

Ela, soberba na sua escuridão

Eu pálida a iluminar a noite.

Eis meu riso, ser luz que estremece

Toda e qualquer sombra.

 

Não preciso rebelar-me.

Apenas revelo-me.

O meu escuro é a minha outra face

A minha sombra, o meu avesso.

 

Diante de mim encontro

As alegrias companheiras

Brinco com o que vejo no espelho

A minha própria sombra a dançar.

 

A gente se olha, se desnuda e rodopia!

Juntas: – a alegria, eu e a minha sombra.

Brincamos de pique-esconde

Até de amarelinha!

 

Quando o dia amanhece

Algo em mim entristece.

Aonde foi parar a minha sombra?

Não éramos três?

 

De olhos semi-cerrados, olho para trás

Lá está ela, fingindo ser bem quieta.

Eu rio baixinho junto com a alegria

Entendo que a brincadeira não terá fim.

 

Apenas à noite sou luz na escuridão

De dia, misturo-me à multidão.

Esta anda apressada e nem percebe

A brincadeira da sombra, que ri de nada.

 

A vida é assim, só se vê bem,

Quando a luz se apaga.