Silêncio da Alma
Não tenho assunto para escrever,
hoje o céu tá nublado, não se tem namorado.
Hoje o coqueiro não se mexeu, o vento se rendeu.
Hoje me tenho no breu e no azul do meu eu,
hoje cortei minhas unhas, fiz minha oração, utilizei minha intuição.
Hoje me despedi do antúrio, me despi a ponto de ficar nu.
Hoje sou mais eu, me deitei e fui meu.
Hoje o dia nasceu, fui ao encontro do meu eu.
Hoje me fiz à pergunta: quem sou eu?
Hoje me indaguei: o que preciso para ser feliz?
Hoje me libertei, não andei e me amei.
Amanhã não existe, li isso em um livro.
Amanhã é palpite, não se anime, não hesite.
Amanhã é o hoje, é o agora totalizando a vida.
Amanhã já estou morto, ou estou vivo, um deslize.
Amanhã amanheceu e o que eu acreditava ser eu não tem nada meu.
Ontem não dormi direito pensava nos meus efeitos,
ontem comprei um chocolate e cantei sozinho.
Ontem sem querer chutei o ninho do passarinho,
onde o frio me fez burburinhos e pude perceber que o tempo moldou meu caminho.