PARÁFRASE
No meio do caminho tinha uma quarentena
Tinha uma quarentena no meio do caminho
Tinha uma quarentena
No meio do caminho tinha uma quarentena
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma quarentena
Tinha uma quarentena no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma quarentena.
Parafraseando e retextualizando o Poema - No meio do caminho de Drummond (1930), em analogia ao contexto impinge dos rituais de lockdowns/quarentenas que se presentificaram em nossas vidas (2020-2021 e parcialmente 2022).
Havia uma “Quarentena no meio do caminho”, havia “multitelas no meio do caminho”, crianças, adolescentes, professores, famílias confinadas, incontáveis rituais de lockdowns que se presentificaram em nosso cotidiano; havia uma lacuna muito grande na escola enquanto espaço agentivo da sociedade, conflitos, lutas, poder, ideologias que nos fizeram gerir novos letramentos; fomos convocados a fazer o melhor e não se tratava apenas de fazer o possível, era fazer o melhor na dimensão ética e social, com as poucas condições que dispunhamos, e foram tantos os abismos e pedras.
Foi neste contexto impinge que na primeira quinzena de março de 2020, as unidades pedagógicas iniciavam as atividades pedagógicas e administrativas, quando as medidas de condicionamento de controle sanitário e epidemiológico restringiram a mobilidade em locais que se concentram muitas pessoas, como é o caso das escolas. Recordo que eu estava numa turma de 7º ano, lecionando aula de língua portuguesa, 4º (quarto) horário após o intervalo, quando a gestora entrou na sala e informou a mim e aos estudantes que as aulas estavam suspensas por 15 (quinze dias). Na ocasião, não prevíamos que os 15 dias anunciados, se tornariam em um dilema que durou mais de 2 (dois) anos.