LIBERDADE RISONHA
Ah, minha terra, estou indo!
Não se trata de coisa futura ...
Pois quero ver o sertão florindo,
Minha mãe sorrindo com doçura;
O meu corpo inteiro sentindo,
O gostoso perfume da fruta madura!
A moça acenando um lenço na mão,
Ao cavaleiro que passa na estrada ...
A seriema cantando lá no grotão,
Saudando com música, a nova alvorada;
Sentir o coração batendo de emoção,
Ao rever minha primeira namorada!
O gado mugindo, beirando o curral,
Os bezerros inquietos, querendo mamar ...
As festas animadas lá do arraial,
O encontro de amigos, a conversar;
O sabiá cantando no fundo do quintal,
Chamando a fêmea e querendo amar!
O cachorro latindo, parecendo festeiro,
Para quem chega pelos caminhos;
O “louro” me chamando o dia inteiro,
Sempre alegre e pedindo beijinhos!
Uma rede estendida no telheiro,
Eu e meu amor trocando carinhos!
Quem sabe se aquela morena,
Que deixei triste e amargurada ...
Ainda ache que valha a pena,
Recomeçar tudo do nada;
Quero dar-lhe uma vida serena,
Acabar com esta vida errada!