Me encontrar
Não preciso te encontrar
Nem seu peito
Seu abrigo
Seu cuidado
Mas me encontrar
Sem a necessidade deste colo ou abraço
Encontrar a criança ferida
Acuada
Carente de colo
Embriagada de lembranças
Que como nuvens nebulosas
Desabam densas em chuvas de informações
Catarse, insights, tempestade de ideias
Eu preciso sair do bar
Na beira mar das memórias
E lembranças fantasmagóricas
Que vem em meu quarto assombrar
Não sou mais criança
E debaixo da cama não tenho como me enfiar
E preciso crescer, me olhar no espelho
Me encarar
Como sou
Como estou
E enfrentar
O medo
O desconhecido
O novo
Que uiva feito loba
Na sempre antiga
E potente força
Que emerge de dentro pra fora
E grita de fora pra dentro
Acorda menina
E hora de despertar
Ana Lu Portes, Juíz de Fora, 9 de março 2023