Trem
Nas paredes desse trem, encosto morna,
Sento-me ao chão.
Outra vez o cego com o pote em mãos!
Eles, os pedintes, falam num mesmo tom,
Mesmo dialeto... Mesma escola?
Nas paredes desse trem, encosto morna,
Todos com suas manias, suas rotas,
Seus desejos em sacolas...
Que receio dessa pilhéria!
Considero-me alheia?
Não sou... Que miséria!
Nas paredes desse trem, encosto morna,
Mãe! Devolva-me o gosto!
O gosto da infância!
E o presente? O agora?
Os dias alimentam-me aos poucos...
Com a vontade de esquecer.