Tinta Óleo
Não tenho faculdade
Já passo da idade
Não tenho doutorado
Nem livro publicado
Se cursei universidade
Foi a da simplicidade
Não sei nem quando na frase
Se usa uma crase
Escrevo sem eira nem beira
Sob os galhos da laranjeira
Na estante livros que releio
E me amamentam como um seio
Arrisco umas linhas
Soltando algumas rimas
Mesmo que por um instante
Sinto já ter dito antes
Acredite que minhas ações
São sem segundas intenções
E que em minha língua afiada
Não existe nem uma lábia
Confesso que já te vi
Por aqui e por ali
Sinto a brisa nos tocar
E isso aumenta meu sonhar
Fios brancos que anunciam
Que estou num novo início
No espelho a imagem
E na pele a tatuagem
Na parede o relógio
E na tela tinta óleo
No copo novas palavras
Que eu bebo com vontade