Eu não entendo nada

Quando eu chego em casa tu não me amola

Antes era bem gasguita

Máculas nos poros de gritar pra dentro

Pergunto "que foi, pitica?'

Você diz que "nada", eu cedo

Você se se afasta, eu chego

Eu chego, eu vejo, eu cego, eu deixo

Eu

Não tô

entendendo nada do que você diz

Não quero ir embora

Mas vou ter que ir pra fora

Tu diz com os olhos

Que eu fiz besteira

Ajeito logo o sofá

Pergunto pro cachorro

Que não me diz nada

Late um "assim não dá"

Refaço os meus passos

Atrás de burrada

"ela gosta de maracujá?"

Não lembro o que foi

Mas já argumento

"Amanhã vou melhorar"

E eu me procuro,

não acho

Tento analisar,

desfaço.

"Não lembra o que fez?"

Eu travo, eu travo, eu travo, eu travo

Lembrei.

E a geladeira? Aberta

O lixo pra fora? "Oh merda"

A conta de luz? Incerta

Pia do banheiro? Conserta

Conserta, aperta, e acerta e acerta

O interruptor, e nada

Abro a geladeira, e nada

Pia do banheiro, e água

E água, e nada e nada e nada

"Jantar macarronada amor, a luz

de velas"

Você dá risada

Me sinto mal,

meu bem, bebê.

Eu sei, mancada

Não quero te perder

Tiro embrulho do bolso

Em sinal

De paz

"Que é?"

"Abre pra saber"

Não digo que comprei

com grana do almoço

"Come,

vai derreter"

"Porque tu é assim?" Pergunta

Meneio a cabeça em culpa

"Odeio maracujá" acusa

Desculpa, desculpa, desculpa, desculpa