Sentido Contrário
Nas asas do tempo
Caio em queda livre
Agarrado ao cronômetro
Enrolado em oxigênio
Meu medo de altura
Quase convertido em gastura
Arrependido, de baixo avisto o topo
Ou seria o fundo do copo?
Minutos contados, partidos
Segundos passados, polidos.
Os elogios servem de escada
Para uma mente desnorteada
Norte, sul, bússola quebrada
Horizonte azul, registro atrasado.
O mundo embebido em luz solar
O medo enriquecido em penumbra, luar.
O frio na barriga continua
As pernas enfraquecem
O suor escorrendo gelado
O receio tomou lugar.
Meus olhos enganam meu repertório
Do prisma virei indivíduo, acessório
As cores refletidas em meus olhos
Não encontram lugar na tabela pantone
E como fantoche do inferno
Vivo linhas cruzadas, sem corda nem bateria.
Tonto equilíbrio postural, travado
Atuante acrofobia cervical, aguda
Sinto em cada costela, pontadas
Sinto em cada degrau, alarmes
As voltas que a vida dá,
As voltas que dá a vida.
Me vejo indo e voltando
Me vi nem mesmo indo.
As voltas que a vida dá
As voltas do ponteiro no relógio.
Oras, 6 horas
Horas, 12 horas.
Hora, meia hora
Ora, quase hora.
Começo a me perder em sentido horário,
E termino por me encontrar em sentido contrário.