Sentido Contrário

Nas asas do tempo

Caio em queda livre

Agarrado ao cronômetro

Enrolado em oxigênio

Meu medo de altura

Quase convertido em gastura

Arrependido, de baixo avisto o topo

Ou seria o fundo do copo?

Minutos contados, partidos

Segundos passados, polidos.

Os elogios servem de escada

Para uma mente desnorteada

Norte, sul, bússola quebrada

Horizonte azul, registro atrasado.

O mundo embebido em luz solar

O medo enriquecido em penumbra, luar.

O frio na barriga continua

As pernas enfraquecem

O suor escorrendo gelado

O receio tomou lugar.

Meus olhos enganam meu repertório

Do prisma virei indivíduo, acessório

As cores refletidas em meus olhos

Não encontram lugar na tabela pantone

E como fantoche do inferno

Vivo linhas cruzadas, sem corda nem bateria.

Tonto equilíbrio postural, travado

Atuante acrofobia cervical, aguda

Sinto em cada costela, pontadas

Sinto em cada degrau, alarmes

As voltas que a vida dá,

As voltas que dá a vida.

Me vejo indo e voltando

Me vi nem mesmo indo.

As voltas que a vida dá

As voltas do ponteiro no relógio.

Oras, 6 horas

Horas, 12 horas.

Hora, meia hora

Ora, quase hora.

Começo a me perder em sentido horário,

E termino por me encontrar em sentido contrário.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 22/01/2023
Reeditado em 22/01/2023
Código do texto: T7701613
Classificação de conteúdo: seguro