De mim

Não começo em mim,

Mas me termino

em cada frase dita.

Em cada palavra pensada,

Na poesia escrita,

Em cada rima desatinada.

Não me começo em mim,

Daqui é só continuidade

dos sonhos, das vontades,

das frustrações, das saudades.

Sou continuação do meu pai,

Da minha mãe.

Daquilo que eles cultivaram em mim.

Contínuo como ação do tempo,

Sem precisão,

Só um continuar sem fim.

Eu vou, nessa continência das horas,

divagar sobre quem sou.

Até me perder sem a glória

De quem só saudade sua deixou.

Não sei ser saudoso,

Mas esta fome de alguém, sei sentir.

É um estar partido, faltoso

Prestes a se consumir.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 22/01/2023
Reeditado em 22/01/2023
Código do texto: T7701015
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