Isso não é uma poesia
Isso não é uma poesia
Talvez uma ode à essa geração
Tão desprendidos
Sexo quente e coração frio
Dividem a conta, os corpos, o afeto fútil
Movidos por um medo fantasiado de busca por prazer e desafio
Não ouso definir o que é amor
Mas sei que se embrenhar nas curvas do conhecido não é a solução.
Incessantemente buscar por mais, também não.
A verdade é que cada amor carrega as cicatrizes da solidão
Do desmamar da mãe, da primeira vez que ouvimos um “não”
Da palavra hostil do pai ausente e da frecha de luz acessa quando temíamos a escuridão
Por isso eu sou, e sempre serei, antiquada
Uma fiel guerreira contra a liquidez das relações
Não quero aventuras fugazes e exageradas
Nem quero tocar a carne fria de quem não me oferece nada mais do que indagações
Eu sou a fragilidade que resiste, que insiste
Que quer aquele amor clichê, que falaram que nem existe
E a adolescente boba que existe em mim não se envergonha disso.
Mesmo que isso signifique ficar sozinha nesse mundo cheio de amores vazios.