Grafemas ou fonemas – um alfabeto baianês
As letras inquietas a saltar no papel
buscam sedentas as estradas da vida.
Correm, pulam e se embriagam pelo caminho.
A velocidade do tempo, entretanto,
não lhes deixa apreciar, nem a beleza do ninho
nem os perfumes do lugar...
Numa corrida desenfreada,
o enxerido A se precipita,
Trazendo consigo o terrivelmente enlouquecido L.
Logo em seguida, bem apressado, de maneira aflita...
une-se a eles o envaidecido e famoso E.
De forma dengosa e bem sorrateira,
se arrasta na via o belíssimo G.
Logo atrás, sorrindo bastante,
com mil piruetas,
pulando
e gingando,
estreia cantando o impetuoso R.
De chapéu e corpo esbelto, quase espremido,
ali chega exausto o ensimesmado I.
Todos reunidos, bastante cansados,
de novo o A, já mais acalmado, dispõe-se a falar:
A estrada é longa, não carece empurrão,
aproveite o cenário, viva com paixão.
Sorria bastante, cultive o amor,
Abrace os amigos, despiste a dor.
Ah! E não temas também...
em cada poema sentido,
em cada música a cantar,
em cada sorriso emprestado,
enfim, perceberá:
... Que a palavra alegria sempre se escondeu por lá.