Grafemas ou fonemas – um alfabeto baianês

As letras inquietas a saltar no papel

buscam sedentas as estradas da vida.

Correm, pulam e se embriagam pelo caminho.

A velocidade do tempo, entretanto,

não lhes deixa apreciar, nem a beleza do ninho

nem os perfumes do lugar...

Numa corrida desenfreada,

o enxerido A se precipita,

Trazendo consigo o terrivelmente enlouquecido L.

Logo em seguida, bem apressado, de maneira aflita...

une-se a eles o envaidecido e famoso E.

De forma dengosa e bem sorrateira,

se arrasta na via o belíssimo G.

Logo atrás, sorrindo bastante,

com mil piruetas,

pulando

e gingando,

estreia cantando o impetuoso R.

De chapéu e corpo esbelto, quase espremido,

ali chega exausto o ensimesmado I.

Todos reunidos, bastante cansados,

de novo o A, já mais acalmado, dispõe-se a falar:

A estrada é longa, não carece empurrão,

aproveite o cenário, viva com paixão.

Sorria bastante, cultive o amor,

Abrace os amigos, despiste a dor.

Ah! E não temas também...

em cada poema sentido,

em cada música a cantar,

em cada sorriso emprestado,

enfim, perceberá:

... Que a palavra alegria sempre se escondeu por lá.

Valnia Véras
Enviado por Valnia Véras em 03/01/2023
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