O olhar perdido na imensidão
O olhar perdido na imensidão...
Sem esperança.
Sem brincadeira.
Apenas labuta.
EXPLORAÇÃO.
No brotar de um novo dia,
vem também a ilusão.
Na mente infantil, o jargão repete-se frenético:
“O trabalho dignifica o homem”
e se transforma em pão.
Mas para a criança franzina,
que apenas sobrevive
nesse mundo
de violência e exclusão,
DIGNIDADE, TRANSFORMAÇÃO, são palavras vazias
que reforçam a exploração.
As horas perdidas com o trabalho precoce
criam fantasmas assustadores
diante da escola e da diversão.
O jovem sofrido, faminto...
Culpa-se por sonhar
nos raros instantes de descanso...
Com uma partida de futebol
Com um pedaço de bolo
Com uma roupa de segunda-mão.
Vestindo diariamente
a mortalha na vida e no coração.
Valnia Véras