DOR LATENTE

É tanta grosseria

Em palavras e atitudes,

Não adianta falar, explicar,

Contestar.

Emudeço...

Tranco-me em meu peito.

Emoções reprimidas

Inundam meu íntimo,

Muitas dores contidas...

Fico de mãos atadas,

Sinto-me amordaçada,

Caminhando sobre areia movediça.

Tudo que é falado

É mal interpretado,

Estou num campo minado.

Há muitos anos esperando essa tempestade passar,

Mas o tempo sempre cinzento está,

Sinto-me exaurida,

A vida fenecendo

Em meio a esse tormento.

Depois, tarde demais

Só restarão lamentos,

Arrependimentos.

Será?

Algumas pessoas agem

Como se não tivessem sentimentos...

Ingratidão familiar

Faz a alma sangrar.

A vida é tão fugaz,

Passa velozmente,

A morte, à espreita, aparece de repente.

Depois viverão com remorso

Ou não...

Talvez pensem que,

Se tivessem oportunidade

Trataria seus familiares com dignidade.

Tarde demais!

Essa dor latente

Companheira de muitos anos,

Insiste em se fazer presente.

Tento expulsá-la,

Mas continua a acompanhar-me descaradamente.

E, assim, vivo nesse mar revolto,

Esperando a tempestade passar,

Tentando meu coração acalmar

Para não naufragar.

Ah, mas estou cansada de esperar.

Essa dor latente

Faz a alma sangrar.

Zélia Oliveira

11/12/2022

Zélia Oliveira
Enviado por Zélia Oliveira em 12/12/2022
Código do texto: T7670589
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