Nomofobia
Gotas de suor em pleno inverno
Algo gélido toma-me o estômago
Só posso estar no inferno
Sinto até o calor do seu fogo
O que há comigo?
Estou em desmantelo
Tudo perde o sentido
Sinto-me nu, a puro pelo
Um súbito ar de desatino
Será o meu fim?
Catastrófico
Sinto faltar um dos braços
Claustrofóbico
O mundo sufoca-me em destroços
Alguém me ajuda?
Estou perdido
Ainda que saiba onde me encontro
Estou ferido
Ainda que esteja intacto meu couro
Será loucura?
Contradito minha existência
Me sinto o centro do mundo
Mesmo sofrendo a carência
De não ser percebido
Como viver assim?
Vejo minha vida passar
Ou pelo menos o último segundo
Segundo em que estive sem o celular
Acreditando que o havia perdido
Pouco antes de lembrar
Que estava com ele no ouvido
Alô?!