BRUMADINHO - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros
BRUMADINHO - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros.
A vida vale o que a VALE arrecada?
Quem é que brada, quando o povo é soterrado?
É essa gente cuja vida é sufocada
... ou quem morreu, quando perdeu seu ente amado?
É tanta lama mineral vestindo os ricos,
comprando carros luxuosos e mansões...
... os prepotentes douram pisos... e penicos...
... enquanto os pobres só garimpam ilusões.
Desesperados aguardando o improvável:
como o resgate de algum... corpo... que sumiu...
... ou uma vida que driblou o inadiável...
abençoando quem, também, não sucumbiu.
É a tragédia anunciada repetida
de um episódio infeliz e intransigente,
autorizada por um grupo cuja lida
é sempre o lucro a qualquer preço inconsequente.
Se Mariana não serviu como lembrete,
ou um alerta, que se espera das jazidas?
Ceifar mais vidas... mais um lúgubre enfeite
na tela plana da TV mais colorida?
E enquanto o grito dessa gente reverbera
na atmosfera de uma triste solidão,
a própria lama que alimenta a besta-fera,
só desespera quem espera o próprio irmão.
Enquanto isso, a cada longo intervalo,
a TV vende mais um carro e o que parece
é que a prece vã escoa pelo ralo,
enquanto a lama mineral mais aparece.
O que se espera dessa gente?... a fala mansa,
na intenção de comover cada parente
de cada morto que sumiu sem esperança
na triste dança de uma lama inconsequente?
E as licenças? Quem concede?.. É o político
acostumado a falcatruas recorrentes?
... enquanto pobre é sempre o elo mais raquítico
que movimenta a engrenagem das correntes.
Pobre do pobre... tudo é sempre demorado...
o que será do nosso triste Brumadinho?
..qual Mariana, a nova trama de um bordado
que faz da lama, o triste enredo de um caminho.
- Às 20h e 23min do dia 27 de janeiro de 2019 do Rio de Janeiro. Registrado e PublIcado no Recanto das Letras.
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