Desconhecida

Desconhecida (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

O sol matutino cobria a varanda.

Bem arrumada,

De cabelos brancos, bem vestida,

Sentada à cadeira de roda.

Ao lado a enfermeira,

Amiga de primeira,

Oferecia-lhe o copo e algo para comer.

Os olhos dela fingiam-me ver.

Não mexia braço algum

Nem mesmo movimento nenhum.

O casal de canarinhos a fitava

Pois ela está calma e mansa.

Via-se degustar o pão molhado ao café.

No peito, o terço, e se via que tinha muita fé.

Piscava somente os olhos

Mastigando o pão, olhando para os dois filhos.

A neta veio correndo gritar vovó

Com o pano, das rodas, tirava o pó.

Ela olhando para a criança

Que ainda tinha alguma esperança.

Nos olhos saiam lágrimas

De sonhos e esperanças próximas.

À família não era desconhecida

Dizia-lhe o nome de Dona Aparecida.

A manhã foi passando.

A enfermeira foi para a sala a levando.

Não se via mais ninguém naquela varanda.

Somente a netinha fazendo a ciranda.

O sol foi passando e o casal de pássaros voou.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 19/11/2022
Reeditado em 19/11/2022
Código do texto: T7653474
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