GAL, BOLDRIN E CIA - Luiz Gilberto de Barros Luiz Poeta.l

GAL, BOLDRIN E CIA - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros.

No mesmo voo partiram Gal e o Boldrin,

pobre de mim, fiquei refém desse vazio

que faz de nós, frágeis mortais, olhando o fim

de um tempo bom de um velho som doce... e macio.

Assim irão, infelizmente, outros mais

que tanta paz deram aos nossos corações.

e o que teremos ? ...o poder dos capitais

matando mais, as mais felizes emoções.

Onde as orquestras ? Violinos ? Violões ?

Os "doze cordas", contrabaixos, cavaquinhos, ?

...os clarinetes, bandolins, acordeões,

e os trombones e pistões... onde os chorinhos ?

Bundas e seios cantam mais que a própria voz,

pobres de nós, reféns de vãs vulgaridades...

onde o poder, infelizmente é o algoz

da arte pura em meio a torpes vaidades.

Shows previsíveis, com roteiros semelhantes,

tudo ensaiado: " Vocês: Mãozinhas pra cima ! "

...aplausos falsos, plaquinhas,

sons plagiados

ou repetidos: " Gritem ! Cantem !

Entrem no clima !

São diretores com roteiros surreais

que não são mais que uns Dalis estilizados...

- pobres coitados dos artistas geniais,

que, sem pudor, são sempre tão "re-copiados".

Fala-se tanto em cultura nos jornais...

que redundância o que as TVs sempre copiam:

"desengraçados" humoristas... "geniais",

repetidores do que leram e "re"- criam.

E o Chico Anísio? E o Jô... e o Costinha ?

...ou o Golias ?...o Renato Aragão ?

Zé Vasconcelos ? ...palhaços...o Carequinha ?

...o Muçum, o Zacarias... a emoção ?

Tudo mudou e enquanto os filhos educados

forem moldados na cultura e, seletivos,

por algum tempo, nos brechós... ultrapassados,

ainda ouvirão os imortais

...hoje... inativos?

Que nostalgia... e que tristeza... a presunção

tornou-se mais que um mero

cartão de visitas,

e os artistas de escol e tradição,

ficam no vão de cada fim de última lista.

Nós que já somos tão forçados

- que ousadia-

a ouvir e ver o que o dinheiro sempre quer:

artes chinfrins, que alicerçam-se em quaisquer

vãos espetáculos de graça tão... vazia.

Debocharão por sermos tão repetitivos

ao recontarmos os enredos e a história

que já vivemos num país tão sem memória,

porém... será que ainda estaremos também... vivos ?

Antigas músicas e livros, as novelas

e os lindos filmes, seu humor, sua alegria,

as suas peças teatrais, por ironia

hão de tomar conta de nós... lembra-se delas ?

E que saudade da metáfora que dava

ao conteúdo, a essência criativa,

sem compromissos com a arte inexpressiva...

somos cupidos... mas... coitados...sem aljava.

E só nos restam os retrôs, as velhas fitas

de áudios e vídeos, os compactos, vinis

..ou os pendrives com canções tão (in) finitas...

e o que ainda faz um ser sozinho ser... feliz.

Sem despedidas, nossa geração se vai

como se nada mais tivesse acontecido,

só ficaremos com nosso nosso pranto que cai,

sem muito alarde, sem legenda... sem sentido.

Como diria o Boldrin: "Ele foi embora

fora (...da mídia, do show e) do combinado"

e, se hoje em dia, "Quem sabe (não) faz a hora",

Gal cantaria: " Objeto... não identificado".

Às 10h e 11min do dia 28 de novembro de 2022 do Rio de Janeiro - Brasil. Registrado e PublIcado no Recanto das Letras.