Amanhecer

Amanhecer

Por Fernando Silva - carpina

Sob a silhueta das matas rubor de sua face erguendo-se

Meu turvo olhar embasado pela neblina da manhã

Gotículas de sereno noturno a dissipar-se com o douro do teu olhar

Gratidão invade-me a alma ao esplendor do astro-rei

O dia menino desperta ao canto da sabiá

Gosjeios multissonoros saúdam-te amanhecer

Um riso de criança, um cacarejo do galo da vizinhança

Um suave olor de café invade-me as narinas

O vento volve a palha pendente do açaizeiro e a açucena desabrocha um pendão viçoso

A fina névoa se foi

Ficou teu brilho majestoso e derramou-se calor intenso a dissipar o frio das almas geladas

Seres avoantes trafegam em disparada pelos ares

No velho ipê amarelo não restam folhas, apenas a florada de sua majestade na manhã brilhante

Meu canto se faz coro aos pardais que não sabem se piam ou se brigam sobre o muro

Terminada a disputa se banham na poça formada à beira da rua

Meu riso bobo se desprende ao ver o bem-te-vi em vôo a caça de inseto qualquer

É o amanhecer da minha janela

É o despertar da minha manhã que se faz com a forma e a força da natureza.